Poesia dá vida.

Imagem

 

 

Estava eu por acaso assistindo a um documentário, no canal Arte1, falava sobre a vida e obra de Katsushika Hokusai (1760-1849), foi um artista nipônico, pintor e gravurista, confesso que até então não o conhecia, o documentário* também estava lá pela metade, o que me desinteressou em continuar a assistir, suas pinturas são de uma sutileza enorme, e também de um estilo original, dei por mim que já havia visto alguma de suas obras por ai.

 

O que me chamou a atenção, foi o relato do próprio pintor de como ele descrevia a natureza, ou tentava contemplar, e assim, como um observador, descobrir os segredos que a mesma tem e transpor para suas pinturas de um modo único. Esse relato, no momento que ouvi, não percebi o quanto era de tal importância, não sei se era o meio que estava ouvindo, já que era pela t.v, onde não dou tanta atenção quanto eu poderia. Esse relato novamente a mim, dessa vez em um livro**, do Filósofo e Poeta Brasileiro Antônio Cicero (1945-), nesse livro o filósofo faz um ensaio entre a Poesia e Filosofia, com maestria ele relata as similitudes e outrora as diferenças.

Retornando ao ponto compartilho o relato que felizmente veio aos meus sentidos novamente:

 

Desde os seis anos, tenho mania de desenhar as formas das coisas. Aos cinquenta anos, eu tinha publicado uma infinidade de desenhos, mas nada do que fiz antes dos setenta anos vale a pena. Foi aos setenta e três que compreendi mais ou menos a estrutura da verdadeira natureza dos animais, das árvores, das plantas, dos pássaros, dos peixes e dos insetos.

Consequentemente, quando eu tiver oitenta anos, terei progredido ainda mais; aos noventa, penetrarei no mistério das coisas. Com cem anos, serei um artista maravilhoso. E quando eu tiver cento e dez, tudo o que eu criar: um ponto uma linha, tudo será vivo. Peço aos que viverem tanto quanto eu que vejam como cumpro minha palavra.”

 (Escrito na idade de setenta e cinco anos por mim, outrora Houkusai, hoje Gwakio Rojin, o velho louco pelo desenho.)”***

Aos poucos vemos que o artista vira sua própria arte com o tempo, o mesmo que o Filósofo Antônio Cícero diz sobre o poeta, argumentando com ajuda de um poema**** do poeta e escritor Drummond (1902 – 1987):

 

[…]- a vida do poeta – é o rascunho da poesia. Isso significa que o fim da vida do poeta é virar poesia.

 

 

 

 

 

 

 

 

*Retrato de um gênio – Katsushika Hokusai, 2003

**Poesia e Filosofia, Antônio Cícero, 2012.

***Poesia e Filosofia, Antônio Cícero, 2012; pag.17

****A Vida Passada A limpo, Carlos Drummond.

 

 

 

 

 

 

 

Deixe um comentário